quinta-feira, 29 de maio de 2014

Puro delírio, esta nota do PSDB

Por Fernando Castilho

Acabo de ler o mais novo delírio do PSDB.

Trata-se de uma nota  publicada por um dirigente do PSDB, cujo nome, Josias de Souza, da Folha, preferiu não declinar.

Como Aécio Neves é presidente do partido, o texto deve ter seu conhecimento e aprovação.

A nota foi publicada, segundo Josias, na segunda-feira, dia 26 de maio.

Sob o título ''A Mudança de Postura de Eduardo Campos '', o tal dirigente tucano sustenta que Eduardo Campos mudou seu comportamento perante Aécio Neves depois que este subiu nas pesquisas.


Divulgado para a juventude do PSDB (ela existe? Seria algum tipo de militância não paga?), o texto é medíocre e dá a impressão até de ter sido escrito por alguém em um momento de pouca lucidez (algum palpite?

Josias a publicou, mas preferiu, apesar de ser bem pago pelo jornal, ficar em cima do muro, não comentando nada. Virou porta-voz do partido.

Por isso, apesar de não ganhar um tostão com meu blog, humildemente, resolvi eu mesmo fazê-lo.

Subdividada em seis tópicos, a análise do dirigente tucano ecoa conclusões que Aécio e seus operadores só costumam emitir entre quatro paredes. No item quatro, o texto anota: “Sob o argumento de que poderia se transformar em linha auxiliar do tucano, Eduardo começa a se transformar em linha auxiliar do PT.”

Campos na verdade tem criticado duramente o Governo e o PT, só hesitando no programa Roda-Viva, ao falar de Lula, a quem considera o responsável por todas os sucessos que o Brasil conquistou em oito anos. No tucano ele tem batido o menos que o esperado, e na verdade, suas posições, principalmente no que diz respeito à economia tem sido até meio convergentes.


O texto realça que o presidenciável do PSB “passou a usar contra Aécio o mesmo discurso da Dilma e do PT, de que o mineiro significa a volta ao passado. Com isso, consegue apenas amplificar o discurso do PT.”

Não, o PT sozinho está usando esse discurso, pois realmente não quer que as conquistas de 12 anos de governo sejam jogadas pela janela, num retrocesso político de que o país certamente se arrependeria.

O documento acrescenta que, ao distanciar-se prematuramente de Aécio, “Eduardo joga por terra a única forma concreta de demonstrar, na prática, o que seria a nova política: colocar os interesses do país à frente dos interesses pessoais, o que significaria, nesse caso, reforçar o campo das oposições contra o governo do PT. E, a partir daí, explicitar suas diferenças com Aécio.”

Mas o que é isso? O tucano acha que ele é quem representa a nova política? O porta-voz da ética? Ele, que deseja a volta ao passado, com salários mais baixos, controle rígido da inflação gerando desemprêgo, privatizações (inclusive da Petrobrás, embora não explicite) e fim de vários programas sociais, exceto o bolsa família, porque não é tão louco assim, ou o próprio partido não deixa. Aliás, foi aprovado no Senado um projeto de autoria do senador, que pode implodir o programa.

Ele, que responde a processo por desvio de bilhões da saúde em Minas Gerais?

Ele, que contratou sem licitação 100 mil funcionários públicos, dos quais 70 mil foram mandados pro olho da rua por decisão judicial?

Ele, que, inconstitucionalmente, através de PPP (parceria público privada) empresa para administrar o presídio de Ribeirão das Neves, pagando por cada preso o dobro que as penitenciárias estaduais gastam?

Ele, que censura a imprensa em Minas Gerais?

Nova política? Balela!

Nos itens dois e três, a nota atribui o movimento de Eduardo Campos à influência de sua companheira de chapa. “Fica cada vez mais nítido o protagonismo da Marina [Silva] dentro da chapa, o que reforça a ideia [...] de que o PSB tem dois candidatos a presidente.”
Nessa versão, “Marina impõe limites e contornos à candidatura de Eduardo e, na medida em que ele aceita, revela as suas primeiras contradições, já que a sua biografia política, não casa com o discurso que Marina tem forçado Eduardo a assumir.”

Ora, todos sabemos que Marina luta para regularizar sua Rede Sustentabilidade, tem divergências antigas com Dilma, tem sustentado um discurso conservador, em alguns aspectos, fundamentalista, e defendido algumas medidas neoliberais. Se tivesse alguma convergência com o PT, teria negociado um possível apoio à Dilma, e não a Campos. Se Marina demonstra ter ainda algum bom senso ao não deixar Campos apoiar a reeleição de Geraldo Alckmin ao Governo de São Paulo, é porque ela sabe que não dá mais para ser conivente com o baixíssimo nível de gestão do tucano à frente do Estado (racionamento de água, trensalão, insegurança, etc.).

Mas Marina não quer o PT na presidência.

Diz o texto repassado à juventude do PSDB: “Chamou a atenção também o comportamento de Eduardo diante das denúncias da Folha de que a prefeitura do PT estava usando máquinas e funcionários para atacar Aécio de forma clandestina nas redes sociais.”
O documento recorda que Aécio teve reação diversa quando Eduardo Campos foi ofendido pelo PT em janeiro. Num texto publicado no Facebook oficial do partido de Dilma Rousseff, o candidato do PSB foi chamado de “tolo”, “playboy mimado'' e candidato “sem projeto, sem conteúdo e sem compostura política.''

E a nota do PSDB: “Por muito menos, quando Eduardo foi chamado de playboy pelo PT, Aécio veio a público se solidarizar com o pernambucano, mesmo se arriscando a ser alvo de mais ataques do PT. Agora, em um caso de muito maior gravidade, Eduardo ficou em silêncio, lembrando a máxima de que o inimigo do meu inimigo é meu amigo.”

Portanto, o texto cobra a fatura de Eduardo Campos. Esta é a ética na política do PSDB. Quando o senador ''apoiou'' o pernambucano, não o fez movido por um sentimento de companheirismo, não. Na verdade, apenas vislumbrou uma boa oportunidade de atacar o PT. Nada é de graça. Nesse caso, Campos até que demonstra na prática o que seria talvez a tal da ''nova política'', recusando o toma lá dá cá proposto por Aécio.

No sexto e último item do documento reservado do PSDB, seu autor revela, em timbre lamurioso, o grau de intoxicação a que chegou a relação do tucanato com Eduardo Campos: “Pelo visto, nada mais parecido com a nova política do que a velha política. O Brasil, que começou a ver no relacionamento amigável e respeitoso de Aécio e Eduardo uma nova forma de fazer política, sai perdendo. O PT comemora e torce para que Marina ganhe cada vez mais influência na chapa.”

Não, não e não! O Brasil não reconheceu no relacionamento amigável de Neves e Campos uma nova forma de fazer política. Como podem falar em nome do Brasil, desta forma?
A política é a mesma, com alianças que não duram muito tempo, rompidas por índices de pesquisa, conchavos visando ataques conjuntos a quem no momento liderava as pesquisas, negociatas envolvendo alianças partidárias nos estados, etc..
A mesma boa e velha política.

Tá interessado numa nova política de fato? Apoie a luta pela Reforma Política.


Aí sim, aético, digo, Aécio, você estará num bom caminho.


Nenhum comentário:

Postar um comentário