quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A Argentina é o Brasil num universo paralelo?

Por Fernando Castilho


Para uma corrente de cientistas nosso universo pode não ser uno, mas sim multi. Vários universos coexistindo paralelamente poderiam teoricamente comportar acontecimentos parecidos com o que ocorrem no nossos, porém com possíveis diferenças de tempo e de desenrolar da História.

Muitas são as semelhanças do momento político de Brasil e Argentina. Muitas são as diferenças também.

Maurício Macri é o Aécio Neves que deu certo num universo paralelo?





A eleição de Maurício Macri, candidato da direita por margem apertada contra Daniel Scioli, candidato do governo de Cristina Kirchner, interrompe 12 anos de kirchnerismo.
Como no Brasil, o governo argentino desde 2003 realizou obras importantes no sentido de melhorar a vida do povo. Reduziu a pobreza, ampliou o mercado doméstico, reestatizou empresas que haviam sido privatizadas por Calos Menem, atuou na integração latino-americana, reduziu sua dependência em relação aos EUA, investiu na Unasul, reviu a lei que anistiava os crimes contra os Direitos Humanos praticados durante a ditadura militar, ampliou a tributação dos mais ricos e aprovou a Ley de Medios.

Como no Brasil, também, a nova classe que emergiu passou a exigir mais do governo.

Imediatamente surgiu um candidato neoliberal afoito em acabar com tudo isso que está aí, mas sem propostas concretas para o país. Macri é o Aécio Neves hermano.

Porém, se Aécio foi derrotado no Brasil, Macri, após uma reviravolta sensacional no segundo turno, venceu na Argentina.

A Dilma de lá não conseguiu eleger seu poste, Daniel Scioli.

Homem sem expressão, sem carisma e aparentemente sem a garra necessária para vencer, ou talvez deixando de se empenhar por achar que a vitória seria fácil, Scioli, mesmo sem aguardar o último voto, cumprimentou Macri pela vitória, cravando assim importante diferença em relação ao candidato derrotado no Brasil.

Macri então se torna uma nova e importante cabeça de ponte da direita na América Latina, além de Peru, Chile, Colômbia e México.

Tentará espalhar seu neoliberalismo. E já começou, mesmo sem ainda ter assumido, ao declarar que a Venezuela deverá deixar o Mercosul.

Já colocando as manguinhas de fora, o jornal La Nacion publicou um editorial em que defendeu a revisão de penas aos ditadores e torcionários do regime militar de 1976-83. Os jornalistas do próprio jornal repudiaram o editorial. Isso demonstra o que serão os próximos 4 anos na Argentina.

Na esteira desse editorial, os jornais deverão solicitar a Macri que elabore projeto anulando a Ley de Medios. E ele deverá atendê-los.

A Venezuela poderá em breve também dar sua guinada em direção à direita, quando se realizar seu próximo pleito.

A retomada da América Latina pela direita é estratégica para os Estados Unidos que investem cada vez mais na derrubada dos governos de esquerda, seja através de financiamentos a candidatos neoliberais, seja através da grande mídia ou ainda através do uso de redes sociais e de movimentos pró impeachment e pró golpe.

O PT pode se dar por feliz por ter vencido em 2014, mesmo por margem apertada. Dilma se segura ainda no governo e pode conduzi-lo aos trancos e barrancos até 2018.

Mas se seu candidato a sucessor for um Scioli, nada feito.

A lição veio então da Argentina e o PT tem muito a aprender com ela.

Se a Polícia Federal, o Ministério Público, O STF e a mídia não lograrem prender Lula até lá, só ele terá condições de prosseguir no projeto progressista para o Brasil.

Para o PT, mais uma vantagem: a presidente chilena Michelle Bachelet teve seu candidato Eduardo Frei derrotado em 2010 por um direitista como Macri, Sebastian Piñera.

Em 2014, diante do fracasso do governo neoliberal, o povo percebeu que era feliz e não sabia e elegeu novamente Bachelet.

Até 2018 a Argentina deverá mostrar ao Brasil que o neoliberalismo não melhorou o país.

Bastará então mostrar isso ao eleitorado brasileiro.




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