domingo, 1 de novembro de 2015

A salvação financeira de Veja pode estar no fascismo que ela prega

Por Fernando Castilho


O fascismo é uma doença peculiar. Ele vai sendo incutido aos poucos nas pessoas comuns, aquelas que postam fotos de cãezinhos fofos e frases de Madre Tereza.

Elas não percebem, mas logo estão exigindo a prisão de gente que não tem acusação formada, ou sobre quem não há provas de ilícitos. Passam a exigir linchamentos sem saber nem direito o por quê. Começam até a criminalizar o que não é crime.

Na Alemanha, durante a ascensão de Hitler, as pessoas comuns, donas de casa, idosos, adolescentes, todos desgostosos com uma crise econômica a lhes roer a esperança de um presente e futuro bons, e insuflados pela imprensa a procurar um inimigo a quem atribuir a culpa pelo fracasso do governo, não demoraram a escolher os judeus, comunistas, homossexuais, ciganos, mestiços e deficientes.

Todas essas ''minorias'' foram delatadas ao fuhrer apenas por existirem, sem direito de defesa.

Esse é o modus operandi do fascismo. Encontrar um inimigo, prendê-lo e eliminá-lo.

Nossa mídia, a la Goebbels, faz propaganda de que Lula é o mal em pessoa, o inimigo público número 1 (a número 2 é Dilma).

Não nos esqueçamos que, quando Lula foi eleito pela primeira vez, a mídia sugestionou à classe média que um analfabeto nordestino e operário não teria condições de governar o país. Nem falava inglês.

O Brasil vinha de um Fernando Henrique intelectual, mas que havia quebrado o país duas vezes, frequentado várias vezes o FMI com o pires na mão, vendido a Vale do Rio Doce por uma pechincha e comprado sua reeleição. Ele fala inglês.

Antes dele, Collor que foi impedido e substituído por Itamar Franco, o homem da volta do Fusca. Sobre Collor é até melhor ficar quieto pois se formos arrolar todos os seus ilícitos, vamos encher a página. Ele também fala inglês.

Então, cansamos de ouvir coisas assim: ''como vou explicar para meu filho que ele deve estudar para dar certo na vida se o presidente não estudou?''

Lula não era pra dar certo.

Mas deu e fez sua sucessora.

Mas se Dilma se elegeu e também se reelegeu, paira agora um grande medo entre a classe média e a elite do país. 2018.

Então, se não dá para impedir a volta de Lula pelo caminho democrático das eleições, já que a oposição não tem nome que possa lhe bater, haja vista a pesquisa Ibope que lhe atribui 23% da preferência contra 15% de Aécio Neves, que seja na truculência.

Na truculência significa pelo caminho do fascismo.

É nisso que a grande mídia vem trabalhando nos últimos meses.

Pessoas simples, preocupadas em tocar suas vidas, são instadas a exigir a prisão de Lula sem o menor motivo. Ele não é acusado de nada e não há provas de ilícito contra ele. Além disso, há uma tentativa de tornar ilícito tudo que o homem faz legalmente.

Como se não bastasse, até seu filho sofreu abuso da Polícia Federal, sendo vítima de busca e apreensão em seu apartamento às 23 horas (o que é proibido por lei), sem que a juíza que acompanha o caso tivesse conhecimento e sem que houvesse qualquer acusação contra ele. E justamente no dia do aniversário do pai.

As revistas semanais de ''informação'' desta semana, no melhor estilo Goebbels se encarregaram de, através de ilações, mais uma vez tentar desconstruir o mito.

A Veja publicou uma foto de capa com Lula vestido de presidiário com uma manchete idiota, sem pé nem cabeça. Se isso não é fascismo, como se pode então classificar? E a revista vai ficar uma semana exposta nas bancas a exigir que aqueles que só veem as capas passem a odiá-lo.

O STF tem a obrigação de mandar apreender a Veja, uma vez que ela mentiu ao acusar um inocente. Isso não é liberdade de expressão, convenhamos.

Mas não o fará. Infelizmente os ministros do STF têm, todos, muito medo da mídia. Medo de serem acusados de petistas.

O ministro Teori Zavascki sofreu duras críticas da mídia por ter fatiado a Lava Jato, desgostando o juiz Sérgio Moro.

O fascismo, após ter penetrado na sociedade e ser encampado pela direita, agora atinge até alguns petistas.

Gente que exige que o presidente da Câmara seja imediatamente preso.

Sim, ele é culpado de corrupção. Há provas abundantes. Mas, se exigimos que Moro e o STF sejam corretos e sigam a Constituição, temos que respeitar que ele tem o direito à ampla defesa, assim como os que já foram presos por Moro e não tiveram.

Se repugnamos o fascismo, não podemos usá-lo por vingança contra quem não gostamos.

Para finalizar, um regime fascista pode ser bom para a editora Abril, assim como a ditadura foi para a Rede Globo.

Sabe-se que a editora está mal das pernas, fechou várias revistas e demitiu muitos jornalistas. A Veja, seu carro-chefe, sobrevive amparada pelos coxinhas que se dispõem a comprar uma revista que tem mais da metade das páginas com publicidade.

De qualquer forma, ela já carimbou na capa sua negação à democracia.

Para ela, nada mal um regime fascista agora, não?




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