quinta-feira, 17 de março de 2016

Um exame de consciência sobre a polarização política do país

Por Fernando Castilho



Teria me esquecido do que aprendi da História deste país e passado para o lado dos maus?

Estaria errado em me contrapor a 502 anos de desmandos das elites do país que tanto massacraram os pobres e evitaram o progresso da Nação como um todo?

Caros leitores, vivemos um momento de polarização extrema no país só comparável a 1954 e 1964 e isto não é novidade.

Principalmente após a condução coercitiva de Lula a depor na Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, os ânimos têm-se acirrado até um ponto muito perigoso.

Eu, por minha vez, tendo recebido críticas tanto de gente de direita quanto de esquerda e presenciando amigos e parentes comparecer à manifestação de 13 de março, resolvi parar e fazer uma reflexão.

Afinal, estaria eu sendo iludido por um governo corrupto e por um ex-presidente ladrão?

Estaria enxergando somente um lado das coisas sem nenhuma capacidade de discernimento?

Teria me esquecido do que aprendi da História deste país e passado para o lado dos maus?

Estaria errado em me contrapor a 502 anos de desmandos das elites do país que tanto massacraram os pobres e evitaram o progresso da Nação como um todo?

Me ''xingaram'' de petista (pelo menos, por certa delicadeza, não foi de petralha). Já afirmei e reafirmei que não sou petista, mas sim de esquerda.

E é por ser de esquerda que defendo as políticas de distribuição de renda que tirou 36 milhões de pessoas da linha de miséria, as cotas raciais que procuram dar mais oportunidades aos negros, o Luz para Todos que leva energia elétrica a quem sempre viveu no escuro, o Mais Médicos que melhorou incrivelmente o atendimento às pessoas que não tinham acesso a atendimento médico, o Minha Casa, Minha Vida...

Não fico ofendido porque petista não é xingamento. Se fosse, tudo bem.

Muito bem, após alguns dias de reflexão, de investigação íntima de meus pensamentos, de julgamento de minhas tendências políticas, já há o que concluir.

1 – De todos os nomes que foram citados por envolvimento em algum tipo de conduta irregular, talvez só escape Dilma Rousseff. Portanto, quando uma multidão sai à Paulista para exigir o impeachment da presidenta eleita democraticamente, o errado não sou eu. Os errados são os outros. E eles passam a ser qualificados como golpistas.

2 – A condução coercitiva de Lula a depor na Java Jato em que ele respondeu a um interrogatório da Polícia Federal, lido na íntegra por mim, mas ignorado pelos golpistas, respondendo com coerência às acusações de que é proprietário do tríplex no Guarujá e do sítio em Atibaia, mesmo não possuindo escritura de nenhum desses imóveis, mostrou que por eu me posicionar pela defesa do ex-presidente, o errado não sou eu, mas sim aqueles que querem que um homem seja preso mesmo sem comprovação de crimes, somente porque não gostam dele.

3 – A revolta dos golpistas por ter Lula aceitado um convite para ser ministro do governo Dilma demonstrou que a mídia manipulou as cabeças das pessoas vendendo-lhes a falsa informação de que, tornando-se ministro, o ex-presidente escapa das investigações e foge da prisão.

Na realidade, como ministro, Lula passa a ter foro privilegiado que não significa de maneira alguma privilégio nenhum, uma vez que não poderá, caso seja condenado, solicitar recurso a nenhuma outra instância. Lula escapou de Sérgio Moro que queria prendê-lo sem provas somente para ter seu troféu de caça e passa a ser investigado pelo Supremo. Aliás, ficou claríssimo no episódio do grampo a gana que Moro tem em prender Lula com ou sem provas. E mais alguns dias ou mesmo horas, Lula estaria preso.

Então, mais uma vez, não considero que o errado seja eu, mas sim as pessoas que querem justiçamento e não Justiça.

4 – O grampo telefônico. O juiz Moro cometeu a suprema ilegalidade de plantar um grampo no telefone da presidenta Dilma, dentro do Palácio do Planalto. Sim, foi no telefone dela uma vez que Lula não usa celular. Trata-se de um crime e quem compactua com crimes é no mínimo cúmplice. Se o fato acontecesse nos Estados Unidos, Obama já teria mandado prender o juiz.a polarização

Então, mais uma vez o errado não sou eu. Se houver provas contra Lula, mas provas mesmo, não pedalinhos ou barquinho de 4 mil reais, serei também pela sua prisão.

A polarização mostrou que agora não há meios termos. De um lado são golpistas, defensores da ditadura, defensores de nazistas como Bolsonaro, defensores do fim dos programas sociais, como ficou claro nos vídeos aloprados das manifestações.

Se nem todo mundo se encaixa exatamente nesse perfil, comungou dos propósitos vis desses lacaios.

De outro lado estão as pessoas que não defendem a corrupção, mas sim a Democracia e a Constituição Federal e se isso significar defender Dilma e Lula, por consequência é o que deve ser feito.

De resto, como já vinha alertando há muito tempo em outros textos, o país caminha para uma convulsão social.

E esse estado de coisas não foi criado pelo governo, Lula ou as pessoas de esquerda que seguram o rojão da defesa da Democracia. Mas sim, justamente por aqueles que deveriam ter a responsabilidade de evitar o incêndio da Nação, a oposição, a mídia e o juiz Moro.








Um comentário:

  1. Bela análise! Mas. diga isto aos que foram pilhados pela mídia claramente golpista.

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